domingo, 30 de maio de 2010

Foi um presente tão pequeno, mas ali eu soube toda a grandeza desse sentimento. Tudo que há por trás, ou muito mais que isso: compreensão, carinho, aceitação.
E esse simples gesto significou muito; talvez não a melhor, mas sim a maior prova de amor.

Romantismo perdido

É estranho pensar como o amor foi marginalizado. As mulheres perderam seus valores e se sentem o máximo quando um estranho qualquer chega com cantadinhas pobres e mãos bobas. Ando pela rua e vejo casais se 'pegando' tão brutamente que isso me enoja.
Nunca quis que um cara sarado chegasse em mim e dissesse: " oi gata, vamo ae?"
Sempre sonhei à moda antiga, com um amor simples, palavras líricas ao pé do ouvido, gentilezas, carinhos doces.. Alguém que segurasse minha mão e levemente tocasse meus lábios, que me abraçasse para me proteger do frio, e que se emocionaria me vendo dormir. Não precisaria ser um príncipe num cavalo branco nem todas aquelas baboseiras, bastaria alguém que eu visse em seus olhos um carinho puro, e que a cada dia me provasse um amor ingénuo.
Me sinto uma estranha nesse mundo onde é 'normal' confundir intimidade com falta de respeito e tratar a namorada como uma qualquer, fico alienada com tanta gente querendo ficar, ficar e não ter o menor sentimento por trás disso.
Sacanagens não me excitam, quantidade nunca foi e nem será qualidade, e o romantismo, ao meu ver, é sempre essencial.
Me desculpem se sempre coloquei o amor acima da vontade carnal, o respeito acima da ignorância.

Tenho meus príncipios, meus valores e no fim, ainda sou tachada de careta.

quarta-feira, 26 de maio de 2010

"Já escondi um AMOR com medo de perdê-lo, já perdi um AMOR por escondê-lo.
Já segurei nas mãos de alguém por medo, já tive tanto medo, ao ponto de nem sentir minhas mãos.
Já expulsei pessoas que amava de minha vida, já me arrependi por isso.
Já passei noites chorando até pegar no sono, já fui dormir tão feliz, ao ponto de nem conseguir fechar os olhos.
Já acreditei em amores perfeitos, já descobri que eles não existem.
Já amei pessoas que me decepcionaram, já decepcionei pessoas que me amaram.
Já passei horas na frente do espelho tentando descobrir quem sou, já tive tanta certeza de mim, ao ponto de querer sumir.
Já menti e me arrependi depois, já falei a verdade e também me arrependi.
Já fingi não dar importância às pessoas que amava, para mais tarde chorar quieta em meu canto.
Já sorri chorando lágrimas de tristeza, já chorei de tanto rir.
Já acreditei em pessoas que não valiam a pena, já deixei de acreditar nas que realmente valiam.
Já tive crises de riso quando não podia.
Já quebrei pratos, copos e vasos, de raiva.
Já senti muita falta de alguém, mas nunca lhe disse.
Já gritei quando deveria calar, já calei quando deveria gritar.
Muitas vezes deixei de falar o que penso para agradar uns, outras vezes falei o que não pensava para magoar outros.
Já fingi ser o que não sou para agradar uns, já fingi ser o que não sou para desagradar outros.
Já contei piadas e mais piadas sem graça, apenas para ver um amigo feliz.
Já inventei histórias com final feliz para dar esperança a quem precisava.
Já sonhei demais, ao ponto de confundir com a realidade... Já tive medo do escuro, hoje no escuro "me acho, me agacho, fico ali".
Já cai inúmeras vezes achando que não iria me reerguer, já me reergui inúmeras vezes achando que não cairia mais.
Já liguei para quem não queria apenas para não ligar para quem realmente queria.
Já corri atrás de um carro, por ele levar embora, quem eu amava.
Já chamei pela mamãe no meio da noite fugindo de um pesadelo. Mas ela não apareceu e foi um pesadelo maior ainda.
Já chamei pessoas próximas de "amigo" e descobri que não eram... Algumas pessoas nunca precisei chamar de nada e sempre foram e serão especiais para mim.
Não me dêem fórmulas certas, porque eu não espero acertar sempre.
Não me mostre o que esperam de mim, porque vou seguir meu coração!
Não me façam ser o que não sou, não me convidem a ser igual, porque sinceramente sou diferente!
Não sei amar pela metade, não sei viver de mentiras, não sei voar com os pés no chão.
Sou sempre eu mesma, mas com certeza não serei a mesma pra SEMPRE!
Gosto dos venenos mais lentos, das bebidas mais amargas, das drogas mais poderosas, das idéias mais insanas, dos pensamentos mais complexos, dos sentimentos mais fortes.
Tenho um apetite voraz e os delírios mais loucos.
Você pode até me empurrar de um penhasco q eu vou dizer:
- E daí? EU ADORO VOAR! "

Clarice Lispector

terça-feira, 25 de maio de 2010

As lágrimas nunca cessariam - foi seu primeiro pensamento logo pela manhã. Acordara cedo, milagre talvez.
Talvez ELA precisasse de um milagre.
Viu que o sol mal havia nascido, e ela precisava conversar, expulsar tudo aquilo que estava na garganta. Ligou para a melhor amiga, ela não atendera, com certeza estava dormindo, como pessoas normais faziam a uma hora dessas. Desistiu de tentar falar, a garganta secou, a dor voltou mais cruel, mais dura; a tempestade começou, novamente. E ela precisava de abrigo, não aguentava mais tanta destruição dentro de si. Começou a chover lembranças, e jorros violentos de lágrimas vieram á tona. Ela agarrou-se à seu travesseiro, não queria lembrar, não PODIA remoer tanta mágoa. Lutava contra seu próprio coração.
Respirou; contou até mil, pensou que ninguém poderia derruba-la, nem mesmo aquele grande amor. Deu-se valor, disse que tinha orgulho demais para ficar assim. Esboçou um sorriso, respirou mais fundo e sentiu aquele conhecido perfume, que pairava no ar como um castigo. Caiu novamente, no vazio.
Ela queria um motivo, um porquê. Se esforçou tanto, se doou, AMOU e o fim chegou traiçoeiramente, lhe tirando aquele momento eterno.
Não precisava de apoio, não precisava de palavras; ninguém conseguia ajuda-la. Ela precisava da presença dele, do amor DELE. E o mundo poderia se resumir a isso.
Ela abriu os olhos, sentiu o rosto molhado, e tentou se reencontrar. Os lábios sibilaram uma prece, simples, mas que aliviou a alma. Era tão jovem, sabia que a vida não iria parar para que ela juntasse os cacos do coração quebrado, pisado, destruído por alguém tão malvado, mas tão belo e sedutor. Ela pode ter sido apenas mais uma, ou aquela que o marcou, agora não tinha importância. Tinham uma história, um momento e aquilo seria pra sempre deles.
Ela ia se recuperar e sabia disso, só precisava de tempo e pedia para que ele viesse logo. Tinha consciência do mundo lá fora, mas dentro do seu mundo tudo havia se perdido: os sonhos, as esperanças, o sentimento mais verdadeiro que a nutria. E novamente chorou, pela perda, pela dor. Sabia que seria assim durante um bom tempo, a mágoa nunca sumiria, mas o tempo amenizaria tudo. Tinha um futuro pela frente, e mais do que nunca, ela ânsiava por vivê-lo.
O coração? Aquele pequeno pedaço que restara ainda pulsava, talvez com certa relutância, porém cada vez mais forte. Cada segundo com mais certeza de que ele estava vivo e feliz por sobreviver. Ela ia conseguir, ela sabia.
Limpou os olhos, trocou de roupa, deu bom dia a todos da família e saiu; para viver.


dedicado á um grande amigo, que me pediu um texto. Foi pouco e simples, mas de coração. Kaique Arakaki, amizade eterna. Meu amigo, meu irmão !

A moda agora é ser vilão

A moda agora é xingar qualquer pessoa que cruzar o seu caminho, é pragear contra a família, se auto intitular a ovelha negra de qualquer grupo social que o envolva. A moda é tramar contra o colega, derrubar o chefe e se sentir o maioral. A moda é ser maquiavélico, usar a sedução para sobrepor a honestidade e conseguir o poder. É querer roubar e não ter bolsos para carregar.
É mandar, ridicularizar, humilhar, armar.
É ter elegância, charme, beleza, inteligência, riqueza.

Ser vilão virou status.

num relacionamento o tempo ensina;

O tempo passa, e com ele a gente aprende "o mais":
. a ser mais tolerante
. a se doar mais
. a pensar mais antes de agir
. a ser mais carinhoso
. a dominar mais o ciúmes
. a pensar mais na pessoa do que em nós
. a querer mais a companhia dele
. a aprender a perdoar mais e a errar menos
. a dialogar mais
. a ter mais confiança
. a gostar mais das coisas dele
. a entender um pouco mais a cabeça dele
. a se tornar cada dia mais dependente
. a amar apesar das imperfeições, cada dia mais&mais !

" Pra quem falar que namorar é perder tempo eu digo, há muito tempo eu não crescia o que eu cresci contigo"

Amor, eu te amoo ! Juliana & Fabrizzio

Ela sentou-se num bar, pediu uma dose e tragou seu cigarro. Soltou a fumaça lentamente; observou desenhos, talvez um coração partido e pensou: " isso um dia acabará me matando." Olhou em sua volta, percebeu que chamava a atenção; o vestido preto, botas elegantes, perigosas; o batom vermelho, a pele clara; um contraste, como era sua vida. Sorriu dentes perfeitos, alinhados, cheios de desejos.
Pensou em como chegara ali, e em como sonhava ser professora de primário. Doce ilusão - pensou ela- a vida não era assim tão simples. Passou as mãos pelos cabelos, olhou de relance para a mesa ao lado e viu um homem fino, de belo porte que levantou um copo em sua direção. Ela balançou a cabeça suavemente num sinal afirmativo e ele se aproximou, puxou uma cadeira e ofereceu-se para pagar mais uma dose. Eles bebericaram durante certo tempo; ela levantou gentilmente e foi até o toalet, ajeitou a maquiagem, penteou o cabelo negro, e retocou o batom vermelho sangue. Olhou-se no espelho e sabia que seria uma noite daquelas. Desejou estar com sua filhinha tão pequena, inocente, que a uma hora dessas durmia feito um anjo, rezou para que a febre de sua menininha não voltasse e saiu batendo a porta.
Procurou o homem e o viu encostado em um carro preto, importado. Ele sorriu maliciosamente de volta e abriu a porta para ela.
- E lá vamos nós - disse ela silenciosamente, e, sentando no banco do carro puxou delicadamente o vestido para mostrar suas coxas leves, torneadas, graciosas. Sentiu a vibração no ar e sabia que logo tudo aquilo estaria acabado. Era uma tortura, mas era sua vida. A professorinha ingênua dentro de si enojava-se a cada noite, mas ela sabia que tinha alguém que dependia dela. Alguém que estava sozinha, em um berço esperando sua volta. Seus pais também precisavam de mais dinheiro, afinal o preço do remédio havia subido e o velho não podia ficar sem seus comprimidos para a pressão.
"Hoje não terei escapatória" e começou a roçar suas mãos na perna daquele homem desconhecido, que logo respirava excitadamente, parando o carro na beira da estrada.
" Nunca vi uma mulher tão sexy como você" e foi tirando a roupa, acariando rudemente seu corpo.
"Eu sei, e pode ter certeza que você não conhecerá mais nenhuma mulher como eu" e com tal agilidade se desfez de seu vestido e pulou em cima dele, fazendo urrar, delirar cada instante mais. Fechou os olhos e sabia que fazia um belo serviço, sou profissional pensava ela. Enchia-o de prazer, mas o único sentimento que tinha dentro de si, era o desprezo.
No momento em que o extase explodiria, ela suavemente puxou o canivete que estava encaixado em sua bota, e enfiou o mais fundo que conseguiu no peito daquele homem. Viu novamente naquele rosto a mistura de prazer e terror, e num piscar de olhos tudo estava feito. " Nada contra você meu querido, é apenas trabalho" sussurou ela secamente, empurrando aquele corpo, ainda suado, para fora do carro.
Pegou a carteira, a chave do carro e foi embora, rumo ao seu pequeno apartamento no centro da cidade. Girou a maçaneta, foi ao quarto de sua menininha e acariciou-lhe o rosto. Viu que dormia tranquilamente e se dirigiu ao banheiro, para um banho quente, para tentar tirar toda a sujeira de seu corpo e talvez tudo aquilo que se acumulava noite após noite em sua alma.


"Mas ela diz, que apesar de tudo ela tem sonhos. Ela diz, que um ainda há de ser feliz, se Deus quiser."
Biquini Cavadão
Acordei com a claridade batendo na janela, sempre a mesma luz, o brilho intenso. E eu ainda zonza de sono me dirijo ao banheiro; fico com preguiça de lavar o rosto com essa agua tão gelada. Me olho uma, duas vezes no espelho e não vejo nada. Pego meus óculos velhos, ligo a tv no jornal da manhã e vejo os desastres do mundo. Como meu sucrilhos incessantemente, meu rosto se lambuza de açúcar e me enlaço nas pequenas almofadas do sofá. O tempo passa.
Tiro as meias surradas, sinto o chão frio, e vou até o quintal olhar o céu acinzentado; feio, estranho, tranquilo. Meu cachorro bate suas patas em meu peito e lambe meu rosto; xingo em pensamento por toda aquela sujeira, mas vejo aqueles olhos sorridentes e não escapo dessa ternura. Logo o outro chora de ciúmes, e eu me desdobro em duas para lhes dar um simples carinho. É tão simples e verdadeiro, é admirável.
Ouço o barulho dos carros, vozes estranhas na rua e eu me escondo novamente em casa. Penso em ligar para algum amigo, mas sei que todos estarão dormindo, perdidos em sonhos doces ou pesadelos verdadeiros de suas próprias mentes.
Me recuso a tirar o pijama, ajeitar o cabelo, organizar minha vida. Ligo a tv, canso. Desligo.
Ligo o rádio, ondas me atingem trazendo lembranças, pessoas, lugares, pensamentos.

Desligo-me.