sábado, 24 de julho de 2010

Sem jeito

"Te amo desse jeito
Meio sem jeito
Saudade aperta o peito
Mesmo ao teu lado

Não vê que eu sou assim
Perdida de amor
Começo pelo fim
Te amo desse jeito
Meio do avesso"

Eu amo da pior maneira possivel, do jeito mais egoista e impróprio. Mas eu AMO

alguém ai quer brincar comigo?


Acordei meio zonza, abri a porta do quarto e tropecei numa boneca, jogada no chão. A sala estava em completa desordem, tanta bolsas, quites de maquiagem e barbies espalhadas por todo lugar. " Eu definitivamente era mais organizada quando criança." Juntei tudo num canto e fui preparar meu café da manhã: um misto quente e café bem forte. " Antigamente eu adorava pão com geléia de morango e todynho." Liguei a tv e passei todos os canais, parei no noticiário da manhã, mas são tantas as notícias ruins que o coração até apertou. Acabei deixando na turma da Mônica, e coincidentemente, passou duas histórias que eu já conhecia; lógico, eu os adorava , eles me faziam rir todas as noites antes de dormir. Lembrei da coleção de gibis, abandonadas dentro de uma caixa, em cima do guarda-roupa. Olhei pros brinquedos no chão, e eles pareciam me chamar. Peguei um boneco, ele tinha cheirinho de bebê. Instantaneamente comecei a nina-lo, e ele dormiu. Apertei-o tão forte contra o peito e me permitir ficar assim, deitada no sofá, sozinha em casa, assistindo o programa da Xuxa. Lembrei que sempre odiei a Xuxa, e procurei o programa da Eliana; ele não existia mais.
Me deu vontade de chorar, e abracei mais forte aquele bebê que até pouco tempo atrás se chamava Chiquinho, mas que atualmente tinha o nome de Miguel. Ele acordou e começou a chorar. Tive que trocar a fralda, preparar a mamadeira e nina-lo novamente.
Fui até a cozinha, abri a geladeira e peguei uma gelatina. Não me importei quando ela caiu no meu cabelo e sujou meu pijama. Fui no meu quarto e vi não tinha arrumado a cama. " Isso pode esperar." Olhei em volta e vi que os ursinhos haviam sumido e as bonecas cederam seus lugares aos livros. " Onde estão todos os meus brinquedos?" Senti uma vontade imensurável de gritar, espernear. Porque não me deixaram ser criança? Porque eu tive que crescer e assumir essa postura? Porque agora não tenho medo do escuro, do bicho papão?
Queria correr pra casa da minha avó, me jogar na poltrona e assistir " Castelo rá-tim-bum" ou quem sabe ajudar minha madrinha a preparar um bolo e sempre derrubar farinha no chão. Aonde estava meu primo pra que eu pudesse subir em suas costas e dormir? Queria que minha mãe pulasse corda comigo, ou que meu pai me ensinasse a nadar, mergulhar bem fundo, achar tesouros.
Crescer é sinônimo de chatice, tédio, solidão. Chamei por meus amigos imaginários; acho que eles me esqueceram.
Percebi que chorava, por saudade. Pela primeira vez em tantos anos eu sentia falta da infância, dos momentos que eu era apenas uma criança e minhas travessuras logo eram perdoadas pois meu sorriso banguelo derretia qualquer coração.
Achei um chiclete da barbie debaixo da almofada, o gosto era de tutti-frutti, mas parecia borracha; não sei como meus frágeis dentes de leite sobreviveram a muitos desse.
Tive vontade de jogar todas minhas responsabilidades fora: estudos, trabalho.. ora, quem precisa deles? Mas a minha parte adulta me disse " não seja ridícula."
Ridículo..
Há dez anos atrás não me importava com essa palavra, talvez nem sabia o seu significado. Mas hoje, ela é tão presente. Em tudo.
Antes eu era poupada das notícias ruins, meus rabiscos eram obras de artes e qualquer tropeço era sanado com um afago. Hoje tenho que tomar decisões, resolver meus próprios problemas.. e tempo para brincar de boneca? aah, isso não existe mais. Elas nem estão mais lá, em cima da cama, me esperando.
Eu era criança, e isso era motivo suficiente pra ser feliz.

Acordei desse sonho nostálgico e, mesmo não podendo voltar, mesmo sendo obrigada a assumir o que sou hoje, me deu conta de que sempre serei criança, sempre vou levar comigo aquilo que sobrou da menina de cachinhos caídos no rosto, olhar curioso e sorriso timido. Afinal talvez ela seja o elo mais fantastico da minha história, a resposta do meu presente, a lembrança pro futuro incerto.
É dificil crescer, mas é inevitável. É o que eles chamam de vida...

Arrumei toda a bagunça que os primos menores fizeram no dia anterior. Dei um beijinho no Miguel ( ele ainda estava dormindo) e o guardei.

quinta-feira, 22 de julho de 2010

" Falta tanta coisa na minha janela
Como uma praia
Falta tanta coisa na memória
Como o rosto dela
Falta tanto tempo no relógio
Quanto uma semana
Sobra tanta falta de paciência
Que me desespero
Sobram tantas meias-verdades,
Que guardo pra mim mesmo
Sobram tantos medos
Que nem me protejo mais
Sobra tanto espaço,
Dentro do abraço
Falta tanta coisa pra dizer
Que nunca consigo"


- Sobra tanta falta - O Teatro Mágico

sexta-feira, 16 de julho de 2010

"Sou egoísta, impaciente e um pouco insegura.
Cometo erros, sou um pouco fora do controle e as vezes
difícil de lidar, mas se você não sabe lidar com o meu
pior então com certeza você não merece o meu melhor."
(Marilyn Monroe)